Ainda antes de me oferecerem o livro já me diziam "Eh pah, quem tem filhas, tem que ler isto ...". E contavam-me algumas coisas do livro (que eles também estavam a ler) verdadeiramente arrepiantes.
Foi portanto com grande curiosidade que peguei neste livro e o devorei em pouco tempo. Em parte porque são apenas 224 páginas mas também porque a leitura acaba por se tornar viciante e bastante fluida.
O livro retrata a história de Inês, entre os seus 12 e os 17 anos, e as aventuras e desventuras com sexo, drogas e internet. Tudo começa com o sexo, e logo aos 12 anos (!!!), depois seguem-se orgias, a internet (na procura de mais sexo) e por fim as drogas, que acabam por surgir quase como uma escapatória natural para o tipo de vida que Inês levava e um complemento obrigatório na sua busca incessante de prazer.
A linguagem utilizada pelo autor é brutal! Creio que o principal objectivo do autor é o de agarrar o leitor à história o que dificilmente teria conseguido se usasse uma linguagem mais soft. Para leitores mais sensíveis, aconselho alguma prudência na escolha deste livro.
A primeira impressão com que ficamos depois de o ler é do tipo "Fonix, isto não é possível!!!". Mas depois de alguns dias de reflexão, pelo menos para mim, considero que o autor mais não fez do que um retrato nú e crú da adolescência portuguesa!!! E não tenho quaisquer dúvidas que os factos relatados no livro se passem, de facto, na realidade. Já se passava no meu tempo (finais dos anos 80 e inícios de 90), porque não agora?
Quem nunca ouviu falar de ganza e uns xarros aqui e ali? E o sexo também já era tema de conversa ... talvez não chegasse ao ponto das festas que o autor descreve ...
A única diferença (e que grande diferença!) foi o aparecimento da Internet. Efectivamente, o grande alerta que o autor nos tenta passar é precisamente esse: "Pais e mães, cuidado com o que os vossos filhos fazem na Internet!". Com tanta informação a circular e com tão fácil acesso à mesma, difícil será os miudos de hoje em dia chegarem aos 12 anos sem saberem o que é o sexo! E nesta matéria, cabe exclusivamente aos pais preparar o terreno para evitar surpresas futuras. Aquilo que, supostamente, os nossos pais faziam connosco aos 16 anos (mais coisa menos coisa), hoje em dia teremos que o fazer com os nossos filhos bastante mais cedo sob pena de eles escolherem um caminho errado antes de nós lá chegarmos. É que a informação está já ali, ao virar da esquina!
Há também um outro aspecto de elevada importância que retenho desta leitura. O comportamente de Inês não é mais do que um reflexo do (não) acompanhamento dos pais. Inês ficou sem pai muito cedo, perdendo-o num acidente de viação e a sua mãe é a típica senhora do jet-set, mais interessada nas aparências e no seu bem-estar do que na própria filha. Inês é o fiel retrato do adolescente da classe alta/média-alta que estuda num dos melhores colégios de Lisboa, tem acesso a tudo sem qualquer dificuldade financeira, e todos os seus colegas são exactamente como ela. Resta-lhes, portanto, viver as suas vidas ao sabor da moda do momento.
Independentemente do facto de as histórias retratadas terem acontecido todas à mesma personagem, acredito que seja a mais pura das realidades. Com um pouco mais de "espectáculo" aqui ou ali (dado pelo autor para se assegurar que o leitor se mantém agarrado ao livro), acredito que os factos retratados aconteçam na realidade. Será também um pouco duro que aconteça de tudo à mesma personagem mas ... o que é um facto é que efectivamente pode acontecer! Não tenhamos dúvidas acerca disso!
Aconselho vivamente a leitura deste livro a todos os pais para que entendam (e se deiam conta) do universo que (mais cedo ou mais tarde) rodeará os nossos filhos. Cabe-nos a nós educá-los e incutir-lhes os valores necessários para que sejam eles próprios a afastar-se desta realidade.
E um último recado: tenham cuidado com a net! A última coisa que um pai/mãe deverá fazer é "soltar" o filho na net só porque "ele até está em casa, sossegado no computador".
Deixo ficar aqui o trailer do livro ...
E duas opiniões que eu gostei de ler: a do Jorge Soares no seu blog e a de Ana Bela Ferreira num artigo no DN.
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