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terça-feira, 19 de abril de 2011

Game Of Thrones

"When you play the game of thrones, you win or you die."
Já estreou (no domingo) a nova série da HBO pela qual, já há algum tempo ansiava: Game of Thrones.
A série é baseada nos livros de George R.R. Martin, as "Crónicas de Gelo e Fogo", e a primeira temporada tem como base o primeiro volume da saga (na versão portuguesa são os dois primeiros volumes) que conta já com 4 volumes publicados (8 na versão portuguesa), estando previsto para Julho deste ano o 5º volume, ficando ainda dois "na calha" para os próximos anos.

Como já tinha lido os 4 primeiros volumes (que correspondem aos dois primeiros livros na versão original), e feito as respectivas crónicas aqui, aqui e aqui,  aguardava ansiosamente a chegada da série e com uma enorme curiosidade sobre o modo como iriam fazer a adaptação televisiva da mesma.

E de facto, foi soberba!

Este primeiro episódio acabou por se mostrar bastante fiel ao livro, acrescentando, como seria de esperar, um ou outro detalhe obrigatório para situar o espectador na história e abrir-lhe um pouco o livro/enredo que é bastante complexo e muito, mas mesmo muito vasto. Já o tinha dito na crónica que fiz do primeiro livro, ou seja, do meu primeiro contacto com a obra de Martin, e volto a repetir a deixa: "O livro inicia com um emaranhado de personagens que quase nos leva ao desespero ...".
Posto isto, era obrigatório que no primeiro episódio da série (e acredito que acontecerá o mesmo no 2º e no 3º ...) fossem feitas algumas alterações para facilitar a entrada do leitor (espectador) no enredo e nos meandros da intriga, essencialmente no sentido de apresentar as principais personagens desta primeira temporada, as suas vivências e os vários relacionamentos cruzados entre elas ...

O único ponto negativo que tenho a apontar é, de facto, a banda sonora. Não foi capaz de nos transmitir sentimento, energia e de nos fazer endireitar as costas no sofá ...
Sei que não é comparável e gosto muito das duas obras (e dos dois mestres da escrita) mas quando ouço a banda sonora do Senhor dos Anéis (honra seja feita a Howard Shore) consigo ver/imaginar o filme do princípio ao fim, associando as várias músicas às várias passagens do filme. E foi precisamente isso que não senti neste primeiro episódio.
Acho que faltou algo mais ... épico!

Em relação ao resto, gostei muito e vou aguardar ansiosamente os próximos episódios :)
Pena que seja só um por semana :(

E para terminar deixo aqui o genérico da série ...



... e o link para o blog português de referência no que diz respeito à Guerra dos Tronos. E parabéns à Célia que tem feito um trabalho mais que excelente!

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Ainda a geração à rasca

Aqui está o retrato fiel da "dita" geração à rasca.
Texto de Mia Couto.

Um dia, isto tinha de acontecer.
Existe uma geração à rasca?
Existe mais do que uma! Certamente!

Está à rasca a geração dos pais que educaram os seus meninos numa abastança caprichosa, protegendo-os de dificuldades e escondendo-lhes as agruras da vida.
Está à rasca a geração dos filhos que nunca foram ensinados a lidar com frustrações.
A ironia de tudo isto é que os jovens que agora se dizem (e também estão) à rasca são os que mais tiveram tudo.
Nunca nenhuma geração foi, como esta, tão privilegiada na sua infância e na sua adolescência. E nunca a sociedade exigiu tão pouco aos seus jovens como lhes tem sido exigido nos últimos anos.
Deslumbradas com a melhoria significativa das condições de vida, a minha geração e as seguintes (actualmente entre os 30 e os 50 anos) vingaram-se das dificuldades em que foram criadas, no antes ou no pós 1974, e quiseram dar aos seus filhos o melhor.

Ansiosos por sublimar as suas próprias frustrações, os pais investiram nos seus descendentes: proporcionaram-lhes os estudos que fazem deles a geração mais qualificada de sempre (já lá vamos...), mas também lhes deram uma vida desafogada, mimos e mordomias, entradas nos locais de diversão, cartas de condução e 1º automóvel, depósitos de combustível cheios, dinheiro no bolso para que nada lhes faltasse. Mesmo quando as expectativas de primeiro emprego saíram goradas, a família continuou presente, a garantir aos filhos cama, mesa e roupa lavada.
Durante anos, acreditaram estes pais e estas mães estar a fazer o melhor; o dinheiro ia chegando para comprar (quase) tudo, quantas vezes em substituição de princípios e de uma educação para a qual não havia tempo, já que ele era todo para o trabalho, garante do ordenado com que se compra (quase) tudo. E éramos (quase) todos felizes.
Depois, veio a crise, o aumento do custo de vida, o desemprego, ... A vaquinha emagreceu, feneceu, secou.

Foi então que os pais ficaram à rasca.
Os pais à rasca não vão a um concerto, mas os seus rebentos enchem Pavilhões Atlânticos e festivais de música e bares e discotecas onde não se entra à borla nem se consome fiado.
Os pais à rasca deixaram de ir ao restaurante, para poderem continuar a pagar restaurante aos filhos, num país onde uma festa de aniversário de adolescente que se preza é no restaurante e vedada a pais.
São pais que contam os cêntimos para pagar à rasca as contas da água e da luz e do resto, e que abdicam dos seus pequenos prazeres para que os filhos não prescindam da internet de banda larga a alta velocidade, nem dos qualquercoisaphones ou pads, sempre de última geração.
São estes pais mesmo à rasca, que já não aguentam, que começam a ter de dizer "não". É um "não" que nunca ensinaram os filhos a ouvir, e que por isso eles não suportam, nem compreendem, porque eles têm direitos, porque eles têm necessidades, porque eles têm expectativas, porque lhes disseram que eles são muito bons e eles querem, e querem, querem o que já ninguém lhes pode dar!
A sociedade colhe assim hoje os frutos do que semeou durante pelo menos duas décadas.

Eis agora uma geração de pais impotentes e frustrados.

Eis agora uma geração jovem altamente qualificada, que andou muito por escolas e universidades mas que estudou pouco e que aprendeu e sabe na proporção do que estudou. Uma geração que colecciona diplomas com que o país lhes alimenta o ego insuflado, mas que são uma ilusão, pois correspondem a pouco conhecimento teórico e a duvidosa capacidade operacional.
Eis uma geração que vai a toda a parte, mas que não sabe estar em sítio nenhum. Uma geração que tem acesso a informação sem que isso signifique que é informada; uma geração dotada de trôpegas competências de leitura e interpretação da realidade em que se insere.
Eis uma geração habituada a comunicar por abreviaturas e frustrada por não poder abreviar do mesmo modo o caminho para o sucesso. Uma geração que deseja saltar as etapas da ascensão social à mesma velocidade que queimou etapas de crescimento. Uma geração que distingue mal a diferença entre emprego e trabalho, ambicionando mais aquele do que este, num tempo em que nem um nem outro abundam.
Eis uma geração que, de repente, se apercebeu que não manda no mundo como mandou nos pais e que agora quer ditar regras à sociedade como as foi ditando à escola, alarvemente e sem maneiras.
Eis uma geração tão habituada ao muito e ao supérfluo que o pouco não lhe chega e o acessório se lhe tornou indispensável.
Eis uma geração consumista, insaciável e completamente desorientada.
Eis uma geração preparadinha para ser arrastada, para servir de montada a quem é exímio na arte de cavalgar demagogicamente sobre o desespero alheio.
Há talento e cultura e capacidade e competência e solidariedade e inteligência nesta geração?

Claro que há. Conheço uns bons e valentes punhados de exemplos!
Os jovens que detêm estas capacidades-características não encaixam no retrato colectivo, pouco se identificam com os seus contemporâneos, e nem são esses que se queixam assim (embora estejam à rasca, como todos nós).
Chego a ter a impressão de que, se alguns jovens mais inflamados pudessem, atirariam ao tapete os seus contemporâneos que trabalham bem, os que são empreendedores, os que conseguem bons resultados académicos, porque, que inveja!, que chatice!, são betinhos, cromos que só estorvam os outros (como se viu no último Prós e Contras) e, oh, injustiça!, já estão a ser capazes de abarbatar bons ordenados e a subir na vida.
E nós, os mais velhos, estaremos em vias de ser caçados à entrada dos nossos locais de trabalho, para deixarmos livres os invejados lugares a que alguns acham ter direito e que pelos vistos - e a acreditar no que ultimamente ouvimos de algumas almas - ocupamos injusta, imerecida e indevidamente?!!!

Novos e velhos, todos estamos à rasca.
Apesar do tom desta minha prosa, o que eu tenho mesmo é pena destes jovens.
Tudo o que atrás escrevi serve apenas para demonstrar a minha firme convicção de que a culpa não é deles.
A culpa de tudo isto é nossa, que não soubemos formar nem educar, nem fazer melhor, mas é uma culpa que morre solteira, porque é de todos, e a sociedade não consegue, não quer, não pode assumi-la.
Curiosamente, não é desta culpa maior que os jovens agora nos acusam.
Haverá mais triste prova do nosso falhanço?

terça-feira, 5 de abril de 2011

Aquisições ...

Desde o dia 24 de Março e até ao próximo 27 de Abril decorre na FNAC a festa do livro com excelentes promoções e muitos descontos.

"Pague 2 leve 3" e "-40%" são apelos suficientemente "apelativos" :) para fazer qualquer leitor dar um saltinho a uma das lojas desta cadeia e aproveitar a oportunidade.
Assim, aproveitei e trouxe estes:


- A Filha do Capitão, José Rodrigues dos Santos
- A Ameaça, Ken Follet
- Príncipe de Fogo, Daniel Silva

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Låt den rätte komma in

É o título original do livro "Deixa-me Entrar", de John Ajvide Lindqvist, que acabei de ler esta semana.
Pontuação: 5 estrelas (ou 10 em 10). Entra definitivamente para a minha lista de favoritos.

Sinopse
Oskar e Eli. De formas diferentes, são ambos vítimas. É por isso que, contra todas as probabilidades, se tornam amigos.
Oskar tem 12 anos e vive com a mãe num bairro social em Balckeberg, um subúrbio cinzento e pacato de Estocolmo. O pai desapareceu das suas vidas e ele é vítima de bullying na escola. Eli é uma rapariga misteriosa e reservada, que se muda com o pai para o apartamento ao lado. Eli não vai à escola e só sai de casa à noite. Presos cada um na sua solidão, Oskar e Eli encontram um no outro a compreensão que o mundo lhes nega. E quando o lado mais obscuro de Eli se revela, Oskar descobre o verdadeiro preço da amizade…

Opinião
Este livro foi-me oferecido pelo meu irmão no ano passado (no meu aniversário ou no Natal, já não me lembro ...) e, como muitos outros, ficou em lista de espera, sossegadinho na prateleira :)
Depois de acabar o primeiro volume da saga True Blood, decidi optar por este, principalmente por dois motivos: gostei da capa (sim, eu sei ... mas é uma das características dos livros que aprecio) e gostei da sinopse. Relacionamento entre dois miúdos, ambos com uma vida repleta de problemas, falta de compreensão, solidão, etc. Além disso, como também tinha lido a saga Twilight, já estava um bocado "cansado" de vampiros (mal sabia eu o que me esperava...).
E de facto, assim que comecei a ler o livro, nada fazia prever que se tratava de "mais" uma história de vampiros. Bem, "mais" uma não ... Acho que esta sai fora da normalidade das histórias de vampiros. O autor leva-nos para lá do mundo horrendo dos vampiros, dando-nos uma visão do que é "estar do outro lado". A solidão, o processo de transformação, o sentimento de culpa, a vergonha e a inevitabilidade de serem o que são. Juntando a isto a história de Oskar e dos seus problemas na escola, estão reunidos os ingredientes necessários para uma amizade com características muito particulares.
Deixo apenas uma pequena recomendação para leitores mais sensíveis: o "livro tem cenas" verdadeiramente arrepiantes. Para quem gosta de filmes de terror e suspense, é uma maravilha :)

Nota final: recomendo!